BATE PAPO COM O VC #02 | Rodrigo Baer

Emerging VC Fellows
5 min readApr 7, 2021

No Emerging VC Fellows, nos reunimos com frequência para nosso All Hands Meeting, momento onde reunimos os fellows para discutir nossas conquistas, os próximos passos e todos os aprendizados que, individualmente e como grupo, tivemos. Além disso, realizamos após os encontros um bate-papo com um VC convidado, de modo a contribuir com o desenvolvimento dos fellows e, também, com o fortalecimento do fellowship.

No mês de março, tivemos o prazer de receber o @Rodrigo Baer, partner da Redpoint eventures e criador do excelente canal #PergunteaoVC, que nos proporcionou uma conversa de alto nível, com ótimos insights e uma visão bastante sincera sobre o estado e a dinâmica atual da indústria de VC.

Deixamos aqui nosso muito obrigado ao Rodrigo pela disponibilidade e apoio! E aproveitamos para compartilhar os principais highlights da conversa com vocês.

Como foi que você começou em Venture Capital?

“Eu iniciei minha carreira em uma startup em 1999 que, apesar da empresa e o modelo de negócio não terem dado muito certo, pude aprender bastante com a experiência. Após isso, passei um período na República Tcheca e, ao voltar para o Brasil, comecei a trabalhar em uma consultoria. Confesso que, apesar de todo aprendizado, não foi a experiência mais agradável e alinhada com meus objetivos. Contudo, foi lá que comecei a despertar um interesse expressivo por empresas de tecnologia, o qual foi potencializado durante meu MBA quando, de fato, descobri a indústria de VC. Com isso, comecei a atuar em Venture nos EUA até o momento em que voltei para o Brasil e encontrei uma indústria praticamente inexistente, com poucos fundos na região. Diante deste cenário, voltei para a consultoria, onde com alguns amigos começamos a fazer investimentos em empresas utilizando capital próprio.

Fomos tomando gosto pela coisa e decidimos montar a Warehouse Investimentos, que foi uma das primeiras casas de VC no Brasil. Lá fizemos deals importantes para o ecossistema, como por exemplo o do iFood.

Anos mais tarde, em uma conversa com o Anderson Thees, me uni ao time da Redpoint, onde estou desde 2014, onde já fizemos mais de 60 deals e onde venho aprendendo bastante diariamente!”

Como você enxerga a relação de Partners e Non-partners na indústria de VC atualmente? Como era antes e como isso evoluiu?

“No começo da indústria sequer havia a figura dos non-partners, dado que os fundos não tinham tamanho suficiente para ter uma estrutura que suporte pessoas trabalhando para eles. No best case scenario você tinha um ou dois analistas ou estagiários, que acabavam não tenho muita influência e se concentravam mais no number crunching.

Vejo que esse cenário vem se alterando, mas, em última análise, essa relação depende muito da filosofia do fundo e da sua dinâmica de trabalho. Aqui na Redpoint, por exemplo, temos mais sócios do que analistas / associates, porque temos um approach com os founders no qual os partners estão mais diretamente envolvidos do que os analistas.”

Nas startups, o SOP é uma ferramenta bastante importante para seguir atraindo e retendo talentos. Como você enxerga esse tema dentro das gestoras com os analistas e associates?

“Na minha visão, crescer dentro de Venture Capital é bastante difícil, dado que grande parte do tempo você acaba ficando na sombra de alguém mais experiente. Dessa forma, você ter seu brilho, reputação e network próprio é um pouco complicado. No final do dia, a pessoa que senta no board é o partner, o cara que fez o deal é o partner, o relacionamento com o empreendedor é com o partner. Você dentro dessa organização conseguir superar estes desafios não é trivial. Entretanto, é sim possível, apesar de não ser um caminho óbvio, dado que os partnerships têm um giro baixo no geral e os ciclos do fundo são bastante longos.

Na indústria, vemos casos de pessoas que crescem até associate ou principal, mas que para virar partner acaba enfrentado maiores complicados. O que percebo é que, em um dado momento, essa pessoa acaba optando por empreender ou abrir o próprio fundo de modo a mitigar tais questões. Para se tornar sócio, é fundamental identificar como você consegue complementar as habilidades do fundo e entregar seu valor próprio ao time de partners.”

Qual é a importância de comunidades como Emerging VC Fellows para o ecossistema de Venture Capital hoje e no futuro? Qual papel você entende que o fellowship deve desempenhar para ter seu impacto potencializado?

““Eu acredito que o maior valor da comunidade é acelerar o ciclo de aprendizado dentro da indústria de VC, dado que, via de regra, o erro que você comete hoje será apenas descoberto daqui a 7–10 anos. Tornar esse ciclo de aprendizado mais rápido, por meio de aprendizados compartilhados dentro do fellowship, pode trazer bastante valor para a indústria, sociedade e empreendedores.”

Quais serão os principais pontos que irão guiar a indústria de VC nos próximos anos?

“Vejo dois movimentos bem interessantes que estão acontecendo. O primeiro deles é formatar alguns fundos de série B brasileiros. Hoje temos um gap entre a série A e série B, ou seja, há uma baixa densidade de fundos na faixa de $10M — $20M, que hoje está desatendida. Por outro lado, já vemos uma proliferação maior de fundos de série A, o que é extremamente saudável, dado que há também um aumento do número de founders no mercado. O ciclo de scaling está mais recorrente, pois, empresas da primeira safra de empreendedores de tecnologia estão tendo suas conquistas e quem participou junto a esses empreendedores da jornada está saindo para montar suas próprias empresas, porém com mais velocidade e maior bagagem nas costas.

O segundo movimento é a safra de anjos, que vem surgindo e que trazem consigo mais conhecimento dos processos de scaling de uma empresa de tecnologia para ajudar os empreendedores. Hoje, são poucos os anjos que, efetivamente, viram de perto esse processo de scaling de uma startup e que conseguem dar suporte aos founders nesse sentido. Vejo que esses dois drivers contribuirão num novo ciclo da indústria!”

O Emerging VC Fellows tem como pilares fundamentais a diversidade e a colaboração. Entendemos que a inovação e o brilhantismo acontecem com histórias, origens, teses, pontos de vista, gêneros, etnias e crenças distintas. Buscamos ativamente provocar debates e reflexões que questionem as nossas premissas e convicções. Existimos para aumentar as conexões dentro do mundo de Venture Capital entre seus diversos agentes.

Caso se identifique com essa missão ou queira acompanhar todas as próximas novidades do fellowship, convidamos a entrar em contato conosco pelo nosso site e nos seguir no linkedin e no instagram.

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Emerging VC Fellows

Um fellowship de associates, analistas, estagiários e demais non-partners da indústria de Venture Capital.