Venture Debt 101 com Gabriela Gonçalves da Brasil Venture Debt

Emerging VC Fellows
4 min readJun 2, 2021

No mês de maio, recebemos a Gabriela Gonçalves, Managing Partner da Brasil Venture Debt, o primeiro fundo de Venture Debt no Brasil, para dividir com os fellows um pouco sobre essa modalidade de investimento, já bastante presente em ecossistemas mais maduros e que vem ganhando cada vez mais força no ecossistema brasileiro. Para se ter uma ideia, em 2020, o montante aportado via Venture Debt representou quase 20% do montante aportado via Venture Capital nos EUA, segundo a Gabriela! Reunimos abaixo um pouco do excelente conteúdo compartilhado.

Apple, Google, Netflix, Facebook, Uber e várias grandes empresas em algum momento de sua jornada utilizaram o Venture Debt. Para entender o porquê, é importante revisitar o conceito de estrutura e custo de capital, temas muito presentes na pauta de finanças corporativas.

Recapitulando, brevemente, a estrutura de capital é a combinação realizada pela empresa entre o capital de terceiros (dívidas e fontes de financiamento) e o capital próprio (capital pertencente aos sócios ou acionistas), sendo este último com custo superior ao primeiro na maior parte dos casos. Este conceito está diretamente relacionado ao de custo de capital, que é o retorno mínimo exigido pelos credores e acionistas da empresa, de modo a determinar a viabilidade de investimento no negócio. Assim, sua importância reside em buscar a estrutura e o custo de capital ótimo para os diferentes estágios de crescimento de modo a manter a empresa atrativa e com a melhor performance financeira.

Nesse contexto surge o Venture Debt, como uma forma alternativa e com custo de capital mais baixo para apoiar a expansão de empresas de tecnologia, que, por conta de suas características e modelos de negócios, não contavam com parceiros financeiros adequados para levantar dívida até então. Por conta deste fator, as empresas acabavam recorrendo sempre à opção tradicional de Venture Capital, que envolve participação no negócio em troca de recursos para crescimento, o que, no longo prazo, pode ser uma alternativa extremamente custosa.

Assim, conceitua-se o Venture Debt como uma dívida estruturada de longo prazo, customizado à realidade de startups de alto crescimento com juros, garantias e prazos adequados à sua realidade financeira e operacional. Além disso, pode ou não complementar rodadas de equity de modo a alavancar o montante captado e evitando uma diluição excessiva dos fundadores e investidores atuais, o que no limite contribui na manutenção de um cap table mais saudável para as próximas rodadas de captação.

Como uma regra de bolso para entender quando usar essa forma de financiamento, diz-se que quanto mais early é uma empresa mais “puro equity” ela deveria ser. Por outro lado, à medida que a startup vai amadurecendo e ganhando mais corpo, mais sentido faz utilizar dívida, dado os benefícios que ela traz como: preservação do valor para acionistas, o efeito disciplinador da dívida e, ainda, o benefício fiscal da dívida. Com isso, é importante reforçar que não é em qualquer estágio, para todo tipo de estratégia, muito menos para todo e qualquer tipo de startup que o Venture Debt fará sentido.

No que diz respeito à finalidade do Venture Debt dentro de uma startup, destacamos inúmeros fins:

  • Runway: alongar a pista da empresa entre rounds (ex.: Series A e Series B) de modo a melhorar seus números, levando a um valuation maior no próximo round negociado;
  • Capital de giro/crescimento: financiar o ciclo operacional da empresa;
  • Fusões e aquisições (M&A): financiar a aquisição de outras empresas;
  • Recompra de ações: reestruturar o cap table da empresa;
  • Financiamento de equipamentos (CAPEX): financiar equipamentos para crescimento das operações.

Por fim, a Gabriela e o time da Brasil Venture Debt fizeram um excelente trabalho em comparar esta modalidade de financiamento com o Venture Capital e com o mercado bancário tradicional.

Recomendamos conhecer e acompanhar o trabalho da Brasil Venture Debt!

Nosso propósito no Emerging Venture Capital Fellows é aumentar as conexões dentro do mundo de Venture Capital, até então muito fechado e pouco compreendido. Fazemos isso entre os fellows, mas também com empreendedores e startups dos mais diversos estágios, gestores das diferentes casas de investimento, futuros fellows e demais apoiadores do ecossistema de inovação e startups.

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